IMAGENS QUE PASSAIS PELA RETINA
Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
— Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
— O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica, sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
— Estranha sombra em movimentos vãos.
No soneto «imagens que passais pela retina» de Camilo Pessanha, o eu lírico exprime a sua vontade de morrer devido á perda das imagens.
Na primeira quadra o sujeito poético enuncia o destinatário, ou seja, as imagens (v.1 «imagens que passais pela retina»), o mesmo mostra a rapidez em que as imagens desaparecem, o que é possível observar na interrogação presente no segundo verso («dos meus olhos, porque não vos fixais?»). Ele refere, também, a morte das mesmas ( vv. 4/5 «... para nunca mais! Ou para o lago escuro onde termina»), o que se perlonga á quadra seguinte.
Na segunda quadra o eu questiona-se pelo facto de as imagens partirem sem ele (v.8 «Porque ides sem mim, me levais?») o que transmite o desejo de querer suspender a vida da morte
No primeiro terceto, o sujeito declara que sem as imagens os seus olhos não tem utilidade (v.9 «Sem vós o que são os meus olhos abertos?».
Por fim, no último terceto o autor remete para a falência do olhar, uma vez que, o eu só vê as sombras das mãos (vv. 12-13). Percebe-se também a falta que a imagem faz ao sujeito poético, pois, leva á falência da escrita e á falta de visão pelo facto de o eu só ver as sombras. Neste poema, Camilo, refere também a musicalidade.
Este poema esta dividido em duas partes, o que compõe as primeiras duas estrofes, visto que, nas primeiras quadras o sujeito lírico fala ausência e da falta das imagens. Já nas últimas estrofes o eu remete para a falência do olhar, pois, só via as sombras das mãos.
Para além disso o poema é decassílabo:
I/ma/gens/ que/ pa/ssais/ pe/la/ re/ti/na
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Dos/ meus/ o/lhos/, por/que/ não/ vos/ fi/xais?/
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